BRAZ ALVES DE OLIVEIRA
Fone: 3097 9734
Novamente neste belo domingo, como já de costume, logo cedo, eu e a Andréa acordamos esperançosos de irmos ao MuBE e conseguirmos bons contatos, realizarmos mais uma entrevista e convivermos com a arte e as antiguidades.
Pelo sol que brilhava não poderíamos ter nenhuma duvida de que obteríamos sucesso.
Saímos do Sítio com o carro bem carregado, pensávamos em atender o maior número de interessados possíveis.
Eu estava em missão a favor da entidade, o MuBE, com a missão de conseguir mais uma preciosa entrevista, desta vez com um objetivo a mais, colecionar a matéria para compor um livro que apresenta aos aficionados do assunto os antiquários e suas especialidades e personalidades.
Não foi por nenhuma coincidência que parei para conversar com o afamado Braz. Esse conceituado artesão sempre foi muito respeitado por todos: pelos visitantes, colecionadores, decoradores e pelos próprios colegas.
Querem saber o motivo? Lá vai! Ele mesmo nos relata de imediato.
Deus é uma alavanca forte em minha vida, se não fosse isso, não sei não!
Em 1971, trabalhei em uma firma que produzia mobiliário, entalhes, reprodução de móveis antigos, restauração etc. O dono era o antológico Rivas Varella, tradicionalíssimo escultor e decorador. Era também dono da Galeria Rivas de Arte.
Foi por necessidade mesmo de trabalhar que fui para lá começar minha carreira, nem podia imaginar que depois de muitos anos ainda atuo no mesmo ramo. Meu irmão trabalhava em uma entregadora, a mesma que foi carregar uma mobília a mando do senhor Rivas, a um cliente. Ele ficou sabendo que estava precisando de funcionário e me apresentou, fui aceito e imediatamente comecei a trabalhar.
Ninguém em minha família atuou nesse ramo, eu sou o único artista lá em casa. Somos todos muitos simples, oriundos da agricultura.
Eu comecei fazendo trabalhos simples, mais para serviços gerais, mas logo depois comecei a aprender artes, de inicio restaurando móveis, polindo, fazendo patna, DKP, empalhamento de cadeiras, etc. Mais tarde comecei a entalhar e esculpir.
Aprendi na prática mesmo, naturalmente. Todo dia ia executando serviços diferentes e somando um pouco de conhecimento. Eu sempre me dei bem com o senhor Rivas, gostava muito do que fazia independentemente do salário, era por amor mesmo, pela minha profissão e que me ajudava a ter sucesso com ele, que elogiava sempre meu trabalho.
O tempo passou a experiência, se somando aos poucos, eu ia ganhando maturidade, por graça e misericórdia de Deus e por isso estou onde estou hoje, eu só entalho, gosto do que faço.
Não sou escultor sacro e encontro o mercado, nesse momento, cheio de dificuldades, mesmo sendo um dos raros entalhadores, estamos em extinção hoje, um bom profissional está muito difícil. Tenho bastante serviço, trabalho para muitas famílias de posse, mas não posso cobrar nenhuma exorbitância senão sou obrigado a parar. Às vezes me vem à idéia que um artista que atua em minha área vai ser como ouro, difícil de encontrar.
Os artistas sempre têm muita dificuldade de colocar seus trabalhos, veja o exemplo de Van Gogh, enquanto viveu não valia nada, estava na miséria depois que morreu tudo mudou seus trabalhos hoje valem fortunas. Eu preciso pensar em meu sustento e de minha família, tenho sempre dificuldade para colocar meu serviço. Estando aqui no MuBE consigo estar em evidencia, funciona bem. Quero aproveitar de meus resultados enquanto ainda vivo.
- Enquanto estou ouvindo o que diz meu entrevistado Braz, eu preciso escrever rápido o que fala, suas afirmações são preciosas e não quero perder as informações que me passa. Principalmente quando vincula seus bons resultados a sua religiosidade.
Deus deixou para cada um de nós um dom, ele é o cérebro de Jesus Cristo. Cristo do homem e o mesmo homem que é parte do corpo de Cristo, pelos dons, você, Líbano, meu entrevistador, tem o dom de relatar, de escrever, eu tenho dom de falar do evangelho, nós temos o dom da caridade. Muitos podem ser profetas e curar com palavras, juntando tudo isso é como manifesto de Cristo em cada um de nós. Quando o homem transgrediu os mandamentos de Deus, foi sentenciado com a serpente. Agora trabalhamos para nosso próprio sustento. Depois nos abençoou nos dando talento e ordenando que seguíssemos nossos caminhos, agora, disse ele crescei e multiplicai-vos.
Ai entra a ciência, as artes, etc. Hoje se faz até clonagens. Nas artes tudo está bem diversificado. É o dom de cada um.
A sabedoria e o dom de entalhar, compor com boa estética uma obra, tanto o pintor como o escultor, o desenhista, o músico, ator, etc. Precisam de talento e temos que atribuir tudo a Deus.
Devido às circunstâncias e o espírito de grandeza os homens pecam, acreditando que através da riqueza encontrarão a felicidade. As pessoas precisam ter o melhor, querem ser melhor que seus vizinhos, vão se sobrepondo umas as outras, ostentando cada vez mais.
O objeto de arte feito por um artista, pode ser considerado obra de Deus, pois inspiração é um dom divino. Agora com todo o talento a nós delegado, precisamos ser pagos pelo nosso produto. Com preço justo é óbvio. Mas estamos nos explorando, até a natureza esta sendo aniquilada.
- Caro leitor eu quero que atente para a imaginação de nosso entrevistado, ele é um artista, tem visão, vejamos.
Logo o homem estará construindo casas em alto mar, afirma Braz. Logo virá outro que fará a mesma coisa, mas ainda maior. Acabou a simplicidade.
O amor e a humildade são virtudes divinas que não podemos dispensar. O pai celestial não nos condena por progredirmos, nem por representar através da obra de arte aquilo que pensamos. As belas artes são por encomenda dele, o artista em inspiração é divino, o que nada tem a haver com arrogância ou prepotência. Portanto expor uma obra de arte bem feita para o deleite de todos, fica até bonito.
- Estou no ramo há trinta anos, posso narrar um caso pitoresco para ilustrar essa entrevista, disse-me o Braz.
Eu estava em meu ateliê e recebi a visita de uma senhora, muito importante, que me reservo o direito de não dizer seu nome, eu fazia meu trabalho enquanto ela via as peças expostas, quando se deparou com um móvel, que nem a venda estava, quis por que quis comprá-lo, eu não tinha seu preço, mas ela estava tão disposta a comprá-lo, que não esperou nada, pegou o dinheiro e me pagou. Não tive como não atendê-la O móvel era para minha casa, mas a quantia era muito maior do que poderia valer a peça. Minha família não teria mais o móvel para deleite, mas com o dinheiro eu comprei meu primeiro carro, uma Parati, foi uma festa, um negócio da China, todo mundo ficou contente, saímos todos para passear.
As peças que exponho na feira são apenas para decoração, não são antigas, deixo claro aos interessados que foi manufatura minha e ainda aceito encomenda.
Meio desacorçoado Braz me confessa já no final desta entrevista que sua arte vai acabar nele, mesmo, pois seus filhos não se interessam. A turma quer trabalhar em outras áreas, outras profissões.
A arte que aprendi está em extinção afirma em tom de tristeza, a arte do entalhador agora está virando plástico. Afirma finalmente Braz Alves de Oliveira.
Fone: 3097 9734
Novamente neste belo domingo, como já de costume, logo cedo, eu e a Andréa acordamos esperançosos de irmos ao MuBE e conseguirmos bons contatos, realizarmos mais uma entrevista e convivermos com a arte e as antiguidades.
Pelo sol que brilhava não poderíamos ter nenhuma duvida de que obteríamos sucesso.
Saímos do Sítio com o carro bem carregado, pensávamos em atender o maior número de interessados possíveis.
Eu estava em missão a favor da entidade, o MuBE, com a missão de conseguir mais uma preciosa entrevista, desta vez com um objetivo a mais, colecionar a matéria para compor um livro que apresenta aos aficionados do assunto os antiquários e suas especialidades e personalidades.
Não foi por nenhuma coincidência que parei para conversar com o afamado Braz. Esse conceituado artesão sempre foi muito respeitado por todos: pelos visitantes, colecionadores, decoradores e pelos próprios colegas.
Querem saber o motivo? Lá vai! Ele mesmo nos relata de imediato.
Deus é uma alavanca forte em minha vida, se não fosse isso, não sei não!
Em 1971, trabalhei em uma firma que produzia mobiliário, entalhes, reprodução de móveis antigos, restauração etc. O dono era o antológico Rivas Varella, tradicionalíssimo escultor e decorador. Era também dono da Galeria Rivas de Arte.
Foi por necessidade mesmo de trabalhar que fui para lá começar minha carreira, nem podia imaginar que depois de muitos anos ainda atuo no mesmo ramo. Meu irmão trabalhava em uma entregadora, a mesma que foi carregar uma mobília a mando do senhor Rivas, a um cliente. Ele ficou sabendo que estava precisando de funcionário e me apresentou, fui aceito e imediatamente comecei a trabalhar.
Ninguém em minha família atuou nesse ramo, eu sou o único artista lá em casa. Somos todos muitos simples, oriundos da agricultura.
Eu comecei fazendo trabalhos simples, mais para serviços gerais, mas logo depois comecei a aprender artes, de inicio restaurando móveis, polindo, fazendo patna, DKP, empalhamento de cadeiras, etc. Mais tarde comecei a entalhar e esculpir.
Aprendi na prática mesmo, naturalmente. Todo dia ia executando serviços diferentes e somando um pouco de conhecimento. Eu sempre me dei bem com o senhor Rivas, gostava muito do que fazia independentemente do salário, era por amor mesmo, pela minha profissão e que me ajudava a ter sucesso com ele, que elogiava sempre meu trabalho.
O tempo passou a experiência, se somando aos poucos, eu ia ganhando maturidade, por graça e misericórdia de Deus e por isso estou onde estou hoje, eu só entalho, gosto do que faço.
Não sou escultor sacro e encontro o mercado, nesse momento, cheio de dificuldades, mesmo sendo um dos raros entalhadores, estamos em extinção hoje, um bom profissional está muito difícil. Tenho bastante serviço, trabalho para muitas famílias de posse, mas não posso cobrar nenhuma exorbitância senão sou obrigado a parar. Às vezes me vem à idéia que um artista que atua em minha área vai ser como ouro, difícil de encontrar.
Os artistas sempre têm muita dificuldade de colocar seus trabalhos, veja o exemplo de Van Gogh, enquanto viveu não valia nada, estava na miséria depois que morreu tudo mudou seus trabalhos hoje valem fortunas. Eu preciso pensar em meu sustento e de minha família, tenho sempre dificuldade para colocar meu serviço. Estando aqui no MuBE consigo estar em evidencia, funciona bem. Quero aproveitar de meus resultados enquanto ainda vivo.
- Enquanto estou ouvindo o que diz meu entrevistado Braz, eu preciso escrever rápido o que fala, suas afirmações são preciosas e não quero perder as informações que me passa. Principalmente quando vincula seus bons resultados a sua religiosidade.
Deus deixou para cada um de nós um dom, ele é o cérebro de Jesus Cristo. Cristo do homem e o mesmo homem que é parte do corpo de Cristo, pelos dons, você, Líbano, meu entrevistador, tem o dom de relatar, de escrever, eu tenho dom de falar do evangelho, nós temos o dom da caridade. Muitos podem ser profetas e curar com palavras, juntando tudo isso é como manifesto de Cristo em cada um de nós. Quando o homem transgrediu os mandamentos de Deus, foi sentenciado com a serpente. Agora trabalhamos para nosso próprio sustento. Depois nos abençoou nos dando talento e ordenando que seguíssemos nossos caminhos, agora, disse ele crescei e multiplicai-vos.
Ai entra a ciência, as artes, etc. Hoje se faz até clonagens. Nas artes tudo está bem diversificado. É o dom de cada um.
A sabedoria e o dom de entalhar, compor com boa estética uma obra, tanto o pintor como o escultor, o desenhista, o músico, ator, etc. Precisam de talento e temos que atribuir tudo a Deus.
Devido às circunstâncias e o espírito de grandeza os homens pecam, acreditando que através da riqueza encontrarão a felicidade. As pessoas precisam ter o melhor, querem ser melhor que seus vizinhos, vão se sobrepondo umas as outras, ostentando cada vez mais.
O objeto de arte feito por um artista, pode ser considerado obra de Deus, pois inspiração é um dom divino. Agora com todo o talento a nós delegado, precisamos ser pagos pelo nosso produto. Com preço justo é óbvio. Mas estamos nos explorando, até a natureza esta sendo aniquilada.
- Caro leitor eu quero que atente para a imaginação de nosso entrevistado, ele é um artista, tem visão, vejamos.
Logo o homem estará construindo casas em alto mar, afirma Braz. Logo virá outro que fará a mesma coisa, mas ainda maior. Acabou a simplicidade.
O amor e a humildade são virtudes divinas que não podemos dispensar. O pai celestial não nos condena por progredirmos, nem por representar através da obra de arte aquilo que pensamos. As belas artes são por encomenda dele, o artista em inspiração é divino, o que nada tem a haver com arrogância ou prepotência. Portanto expor uma obra de arte bem feita para o deleite de todos, fica até bonito.
- Estou no ramo há trinta anos, posso narrar um caso pitoresco para ilustrar essa entrevista, disse-me o Braz.
Eu estava em meu ateliê e recebi a visita de uma senhora, muito importante, que me reservo o direito de não dizer seu nome, eu fazia meu trabalho enquanto ela via as peças expostas, quando se deparou com um móvel, que nem a venda estava, quis por que quis comprá-lo, eu não tinha seu preço, mas ela estava tão disposta a comprá-lo, que não esperou nada, pegou o dinheiro e me pagou. Não tive como não atendê-la O móvel era para minha casa, mas a quantia era muito maior do que poderia valer a peça. Minha família não teria mais o móvel para deleite, mas com o dinheiro eu comprei meu primeiro carro, uma Parati, foi uma festa, um negócio da China, todo mundo ficou contente, saímos todos para passear.
As peças que exponho na feira são apenas para decoração, não são antigas, deixo claro aos interessados que foi manufatura minha e ainda aceito encomenda.
Meio desacorçoado Braz me confessa já no final desta entrevista que sua arte vai acabar nele, mesmo, pois seus filhos não se interessam. A turma quer trabalhar em outras áreas, outras profissões.
A arte que aprendi está em extinção afirma em tom de tristeza, a arte do entalhador agora está virando plástico. Afirma finalmente Braz Alves de Oliveira.
Líbano Montesanti Calil Atallah
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