terça-feira, 5 de maio de 2009

IGNEZ HOMENCO


IGNEZ HOMENCO
FEIRA DE ANTIGUIDADES E DESIGN DO MuBE

Quem não se lembra daquelas casas de tecidos, que entravamos e sentíamos aquele perfume de tinta e de tecidos limpinhos e novos. Os atendentes iam abrindo aquelas peças e mostrando o pano, do direito e do avesso, os clientes por sua vez seduzidos pela beleza do estampado acabavam, levando alguns metros de algumas variedades, para depois irem aos poucos entregando a costureira, para que fizesse de acordo com à moda do Figurino.

Bons tempos! Dona Ignez e seu esposo Senhor George Homenco tinham uma dessas casas no bairro do Jardim da Saúde em São Paulo.

Ela me relata que enquanto o esposo vendia tecido no atacado, seu trabalho era no balcão de sua loja.

Contou-me que por ali moravam muitos japoneses e seus descendentes, que não resistiam aos encantos de seus tecidos, aliás, a mesma Dona Ignez também não resistia, eram muito bonitos mesmo, afirma com olhar saudoso e encantado, me deu vontade de entrar em uma loja desse tipo, hoje não comum, só para se lembrar do que me fala e dos tempos que minha mãe fazia à mesma coisa, compras tecidos para costurar as próprias roupas.

Eu e meu marido colecionávamos objetos antigos para decorar a casa. Viajávamos para Minas Gerais sempre que podíamos para pesquisar antiguidades, sempre voltávamos com alguma coisa.

Nesse tempo conhecemos um casal de antiquários mineiros, ficamos amigos e o George era convidado para ir junto visitar os catadores de antiguidades. O antiquário comprava o que lhe interessava os relógios e o senhor George fazia a mesma coisa, só que era obrigado a levar todo o lote junto.

Chegando a São Paulo escolhia o que interessava e o que sobrava levava aos leilões para vender. Era bom negócio afirma Dona Ignez.

Assim, acabaram desistindo dos horários rigorosos que o comércio de tecidos, lhes impunha e fecharam. Viraram antiquários profissionais.

Há vinte oito anos atrás estava se organizando a feira de antiguidades no MASP, através de dona Maria Helena Brancante, nós nos cadastramos e logo no dia da inauguração já estávamos lá expondo nossas peças.

Conhecemos muitas pessoas que eram colecionadoras, os feirantes, frequentadores, etc. É uma profissão muito prazerosa.

Viajava muito, eu em companhia de meu esposo fomos a mais de dezessete países. O Brasil nós conhecemos inteiro fazendo compras e sempre trazíamos conosco alguma peça interessante. Depois junto de meu filho George, abrimos loja, trabalhamos na feira de Gilberto Salomão em Brasília.

Trabalhamos também nas feiras dos Shoppings Iguatemi e no D & D. Hoje após fecharmos a loja só expomos na Feira de Antiguidades do MuBE.

Nós tínhamos especialização, mobiliário brasileiro, prataria, bronzes, esculturas, etc. O forte era peças brasileiras.

Hoje trabalhamos com peças bonitas, de tudo um pouco, afirma dona Ignez mostrando seu stand.

Por ser correta dona Ignez conseguiu muitas boas amizades e bons clientes, para resto da vida. Muitas vezes enquanto visitava pessoas e que estavam dispondo de objetos, dado a confiança adquirida em tantos anos no ramo, retiravam a peça em consignação sem nenhum problema. Crédito neste ramo é muito importante.

Muitas peças importantes já passaram por nossa mão, parece que o gostar de uma determinada peça até facilita a venda.

Apaixonei-me pelo ramo, tenho muito prazer em atender aos interessados e narrar à história de uma determinada peça. Afirma Dona Ignez.

Sabe? Eu tenho uma escultura do século dezessete e todas as vezes que eu a olho sinto-a tão atual, ela foi feita com tanto esmero, examino aquela lisura de suas formas que me dizem muito da obra, é linda. Parece que ela retrata o espírito de Deus, uma obra realmente divina, uma centelha de Deus.

Conforme Dona vai narrando suas experiências eu vou me deixando levar pela imaginação para tentar visualizar sua história, ela conta alguns fatos de sua vida familiar que vai temperando esse momento com pitadas que permitem acreditarmos na veracidade do que vai contando.

Dona Ignez realmente é uma antiquária autentica. Sabe trabalhar e conhece bem seu ramo. Vi bem isso, pois no meio desta entrevista ela ia respondendo a indagações dos visitantes da feira, com muita precisão e segurança.

Acabei por perguntar-lhe se sua tradição como antiquária perduraria. Sem titubear Dona Ignez afirma que seus filhos, sem dúvida darão continuidade ao trabalho que eu e meu marido George iniciamos. Eles têm muito carinho com as peças de nossa coleção.


Líbano Montesanti Calil Atallah

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