sábado, 25 de julho de 2009
O LIVREIRO JOSÉ LUIZ GARALDI
COLECIONADOR DE LIVROS
entrevistado por Líbano Calil Atallah no MuBE
A verdade é que aquele domingo de 19/07/2009 estava mesmo muito esquisito, o tempo nublado, as pessoas pouco otimistas.
Os visitantes foram a Feira de
Antiguidades e Design do MuBE, para vasculharem os stands e tentarem
encontrar algo de valor para acrescentarem em suas coleções e dar mais
um toque estético em suas decorações.
É sabido por todos que isso acaba
viciando. Uma peça, depois outra, depois outra e assim vai indo.
Chega-se ao ponto de não poder mais andar dentro de casa.
Desta vez a Marleni, coordenadora de
Feira nos colocou bem de frente para o livreiro Garaldi, ele junto de
Lucas, seu filho, estão comprometidos com o publico. Então a cada quinze
dias eles vêm com um ótimo acervo para prestigiar e valorizar o evento.
Vender alguma coisa também; lógico!
Ficou assim: a Andrea deveria cuidar de nosso stand enquanto eu entrevistava o tradicional livreiro.
De imediato já afirmara que todo seu
acervo está agora preservado em uma casa na Rua Bela Cintra, disse que
não tinha mais a livraria e que todos poderiam visitá-lo quando bem
entendessem. Tudo esta a disposição para consulta, pesquisa e aquisição
de interessados e estudiosos.
Como sempre eu pergunto aos
entrevistados como lhes veio o interesse pelo trabalho neste ramo de
antiguidades, acho que é para importante o leitor saber as origens de
nosso trabalho. O principio de tudo, é para dar credibilidade as nossas
afirmações. O antiquário tem essa função: a de esclarecer as dúvidas dos
clientes e sempre que algo lhe é consultado.
José Luiz Garaldi não teve nenhuma
duvida, logo afirmou que seu mestre foi Dr. Péricles Machado,
tradicional antiquário e livreiro, que atua em Vila Mariana junto de sua
sobrinha Maria Lúcia.
É meu amigo também, por diversas vezes
estive em sua casa para um bom almoço e uma conversa ainda muito melhor.
Trocar idéias com ele é sempre um prazer. Junto de um cafezinho,
lógico.
Garaldi tem razão. Este é um grande mestre.
Eu aprendi muito com ele, me afirma seguro.
Nossa entrevista vinha em nível de uma
conversa informal, foi quando me falou que era parente de Tarsila do
Amaral, meio distante, mas era. Meu avô era primo dela, pelo que diziam,
teriam se casado, ela gostava muito dele, era muito bonito, mas, uma
viagem acabou por comprometê-lo com minha avó. Que era também muito
bonita.
Eu contei ao entrevistado que em minha
adolescência, freqüentava muito a residência da afamada artista,
praticamente toda semana eu a visitava em nome de meu pai. Eu portava os
álbuns que meu pai havia comprado da Gráfica Lanzara, com doze pranchas
e que reproduziam suas obras mais famosas, para que ela pudesse
autografar para os clientes e seus fãs.
Garaldi acabou comprando um desses
exemplares e resolveu ir pessoalmente até a artista para pedir que
autografasse seu álbum. Afinal sou um pouco, seu parente.
É um episódio, dessa nossa conversa que
vale ser citado, acredito que o leitor gosta de saber detalhes, às
vezes, aparentemente, sem importância.
Contou-me muitas histórias sobre
Tarsila, falou-me de Dr. Oswaldo Stanislaw do Amaral, seu sobrinho e
nosso amigo comum, falou-me do parentesco do escritor Cornélio Pires com
a artista, tinham na região de Amparo à mesma origem.
Comentei sobre o fato de Dr. Israel
Dias Novaes, em um dia de muita tempestade ter me acompanhado em uma
dessas visitas. Ele queria conversar com Tarsila. Era da mesma região
que ela e também fazendeiro plantador de café.
Aqueles desenhos que são sempre
retratados pela artista onde aparecem cenas campestres são inspirados na
fazenda de seu pai, onde ela passou sua infância. Isso foi uma
afirmação minha que o livreiro acabou por concordar.
Acreditem prezados leitores a formação
de Garaldi foi pela Fundação Getúlio Vargas, ele também ganhou uma bolsa
do Itamaraty para estudar dois anos em New York.
Depois de tudo isso, acabei por me transformar em Livreiro Antiquário.
É também minha característica não
gostar de reuniões, não pude continuar como administrador de empresas.
Eu ficava injuriado nas salas cheias de gente debatendo. Sempre
inventava alguma coisa para poder sair de lá e ir embora.
Fui ser sitiante e também não deu
certo. Fui certa vez uma cartomante leu em minha mão: que eu tinha mãos
de intelectual. Até hoje tenho esse ideal.
Sou também um excelente cozinheiro. Eu
mesmo preparo meus alimentos. São ingredientes naturais e orgânicos.
Como de tudo desde que eu mesmo possa escolher.
Sei como preservar minha saúde e venho me dando muito bem.
Sou também, bom entendedor de vinhos e
sei que é um alimento indispensável que eu acho mais importante de que
livros. Sei bem que um alimenta o corpo e o outro a mente.
Pretendo leiloar ótimos vinhos, eu acabei de comprar é um bom lote, com ótimas arcas e de muitos paises diferentes.
Sabe Líbano, há muito tempo eu estive em Santos e junto de um sócio, comprei a biblioteca de Edgar de Cerqueira Falcão.
Era uma enorme coleção e estava tudo em
sua residência. Trouxemos para São Paulo e instalamos em uma casa perto
do Shopping Eldorado. Passamos a organizar tudo, classificando por
assunto e logo começamos a vender.
Minha primeira livraria foi mesmo na
Alameda Campinas, somente depois fomos para essa casa por causa do
espaço para poder acomodar o grande acervo. Foi há dez anos atrás. Era
tudo muito bonito, a pessoas nos visitavam e comentavam, não perderam a
chance de conviver com os livros e tomar um café na beira da piscina.
Valeram, aqueles tempos estão em minha memória.
Depois disso fomos para a Rua Bela
Cintra, onde estamos até hoje. É cede própria, que hoje é conhecida como
a Biblioteca do José.
Perguntei ao Lucas, seu filho se
continuaria com o trabalho de seu pai, como livreiro. Disse-me que
apenas o ajuda, inclusive quando organizou leilões.
Só uma observação: eu também ajudava meu pai, apenas isso. Mas até hoje...
Lucas conta que seu pai tem poucos clientes, mas que lhe são leais, ele gosta de ser livreiro.
Eu comentei com os entrevistados: É difícil sair deste ramo, as pessoas acabam ficando viciadas em livros.
Agora atenção todos os leitores, essa informação que segue abaixo descrita e que é importante:
O Livreiro Garaldi vai trazer para a feira algumas de suas mais importantes garrafas de vinho, dessas que acabou de comprar!
Eu lhes perguntei como resolveram vir para o MuBE.
Foi a mais ou menos um mês atrás, tenho
interesse em divulgar meu trabalho, gosto muito dessa Feira aqui. Já
estive antes na feira do Iguatemi, e lá até que consegui uma boa
carteira de clientes. Vamos ver aqui.
Parece que dou sorte todas as vezes que estive aqui me dei muito bem, acho que tive boa performance.
Garaldi responde a uma pergunta minha
sobre se porventura preservaria uma coleção exclusivamente sua, apenas
para seu deleite e que ficasse longe das prateleiras dos livros que pode
vender.
Muitas vezes aconteceu de algum cliente
se apaixonar por uma obra que estava reservada para minha coleção. Já
aconteceu de eu acabar dando o livro de presente.
Já os livros que compõem as estantes
especializadas em bibliografias eu não posso dispor mesmo, são apenas
para minhas consultas. Essas referências são extremamente importantes em
nosso ramo.
Perguntado, que foi se seus filhos
continuariam em seu trabalho como livreiro antiquário. Apenas afirmou
que quer apenas vê-los felizes.
Líbano Montesanti Calil Atallah
libanoatallah@terra.com.br
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